Responsabilidade social

Como os lugares que frequentamos interferem nas relações que estabelecemos


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Foto: Freepik

O racismo estrutural é o conceito utilizado para nomear o fenômeno social de como a sociedade se organiza, para que pessoas negras permaneçam sendo subservientes e colocadas em cargos e trabalhos menos valorizados. O racismo institucional aborda esta mesma concepção, só que no cenário de instituições políticas e de ensino, por exemplo. Que costumam usar o discurso da meritocracia para defender que, se quisessem e fossem mais esforçadas pessoas negras poderiam compor seus quadros, de funcionários, ou alunos. No entanto, não se estabelece como serão as relações construídas dentro daquele ambiente, como falávamos ainda este mês, sobre o caso da mulher que teve sua imagem ridiculariza enquanto trabalhava, será mesmo, que outras mulheres negras não vão buscar estar naquele ambiente por se entenderem incapacitadas, ou menos preparadas?Ou por medo da forma que poderão ser tratadas?

E, levantando essa reflexão de como o ambiente recebe e percebe as pessoas negras, é importante pensarmos, como estes ambientes, atravessados pelos racismos estrutural e institucional, interferem nas nossas vidas. Porque, na nossa formação com indivíduos participamos de diversas organizações sociais, como escolas, igrejas, projetos, e já na vida adulta faculdade, hospitais, shows, entre vários outros que poderia citar. E nessa nossa formação, com quantas pessoas negras nós convivemos? Quantos colegas de aula negros nós tivemos? E quantas pessoas negras temos na nossa família? Quantos artistas negros
admiramos e consumimos?

E toda essa situação se dá porque pessoas negras não podem ou não podiam acessar muitos lugares, porque eram impedidas pelo racismo estrutural e institucional, mas também pelo preconceito das pessoas, que até hoje, se recusam a ser atendidas por um médico negro, ou que pressupõem que em uma audiência judicial a juíza negra, é a estagiária do fórum e não está apta para resolver a sua demanda…

Ambientes plurais tem se tornado uma realidade, graças a luta e a persistência das pessoas negras, que seguem buscando respeito nos lugares onde passam! Sabemos que essa luta ainda é longa, mas será vitoriosa, se nós como sociedade nos responsabilizarmos de pelo menos, tornar o ambiente e as relações mais respeitosas e amistosas e nos posicionarmos quando nos depararmos com alguma situação de preconceito, ou racismo. Relembrando que todos somos diferentes, mas que temos os mesmos direitos e obrigações.

Texto por Nadini da Silva, advogada e mestranda em Ambiente e Desenvolvimento

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