Uma comunidade modelo no interior de Teutônia

No interior de Teutônia, a Associação Cultural e Recreativa Linha Clara (Schützenverein) mantêm escola, igreja, cemitério e tiro ao alvo, tradições trazidas pelos imigrantes alemães em 1870


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Linha Clara é exemplo de comunidade organizada (Foto: divulgação)

Quando chegaram para colonizar a Picada Clara, em 1870, um grupo de imigrantes germânicos westfalianos trouxe junto da pátria-mãe diversas tradições como a dedicação, educação, religiosidade e o trabalho, que se perpetuaram pelos anos. Mas, além disso, carregavam no sangue o espírito de luta, fruto do envolvimento seus e de familiares em batalhas contra a Áustria e a Dinamarca.

Após organizarem a comunidade, construindo a igreja e a escola, perceberam que para o lazer poderiam, além dos tradicionais kerbs, se dedicar a prática do tiro, mas não como forma de guerra e sim como lazer. Surgia então em 1910, a Sociedade de Atiradores de Linha Clara (Schützenverein), uma maneira de praticar tiro ao alvo, mas apenas como competição esportiva.

Diretoria da Associação Cultural e Recreativa de Linha Clara (Foto: Carolina Leipnitz)

A entidade manteve-se em atividades até 1938, quando manifestações que envolvessem alemães foram proibidas no Brasil, em função da Segunda Guerra Mundial. Porém, a paralisação não impediu que em janeiro de 1953 a entidade retornasse com todo o vigor. Reuniram-se 55 moradores e a partir da doação de uma área de terras em frente à igreja por Bruno Tiggemann foi construído um estande de tiro, que permanece em pé até hoje.

A iniciativa incentivou os moradores, logo em seguida, em 19 de julho de 1959, a fundar a Sociedade Cultural e Recreativa de Linha Clara, que organiza e sedia desde então as competições e festividades de Tiro ao Alvo realizadas anualmente. “Uma tradição que transpassa anos e gerações, que além do lazer, demonstra uma forma de sociedade organizada”, destaca o diretor cultural da entidade, Ariberto Magedanz, que também é professor, regente dos corais da comunidade além de ter sido vereador e vice-prefeito de Teutônia.

Estande de tiro em Linha Clara (Foto: Carolina Leipnitz)

O ponto alto da entidade é o campeonato Tiro-Rei, uma competição envolvendo homens e mulheres onde se definem e se coroam os três primeiros colocados. Dentro de cabines construídas no prédio da Sociedade de Atiradores os participantes apontam uma carabina de pressão com chumbinhos, em função da legislação atual, em direção ao alvo colocado no estande situado numa distância de cinquenta metros no terreno da entidade. São três tiros por participantes.

Na primeira edição, em 1910, o vencedor foi Leopold Dahmer. O atual rei do tiro é Werner Wiebusch. Mas não pensem que é fácil acertar o alvo. Por isso, durante todo o ano, os primeiros domingos de cada mês são dedicados para o treinamento. Durante o ano a entidade participa de campeonatos realizados por associações semelhantes em diversas cidades do Estado como Novo Hamburgo, Dois Irmãos, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Nova Petrópolis, Panambi e Condor.

Magedanz destaca também que a prática do esporte é regulamentada e segue todas as normas de segurança. “Mantemos todos os cuidados como placas de advertências para que tudo siga as normas exigidas. Para a comunidade de Linha Clara é motivo de honra e gratidão poder sediar o único estande de Tiro ao Alvo da região, mantendo viva uma tradição dos colonizadores germânicos.”

A atual diretoria da associação é integrada pelo presidente Werner Wiebusch; departamento de tiro, Silvério Schwingel, Remi Mutzenberger e Sérgio Landmeier; tesoureiro, André Greff e diretor cultural, Ariberto Magdanz.

Texto Alício de Assunção
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