Você é livre para discordar da visão dominante antiliberal neste ano eleitoral sem risco de censura?

Com a liberdade de expressão no centro do debate, falta de presidenciáveis em painel no Fórum da Liberdade mostra que debate de ideias fica em segundo plano em meio à polarização


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Fórum da Liberdade volta ao modelo presencial em Porto Alegre (Foto: Divulgação)

Um tema central em Brasília e na política nacional — a liberdade de expressão —, estrela a programação do Fórum da Liberdade, que voltou a ser realizado de modo presencial em Porto Alegre neste ano. O evento, com painelistas de renome nacional e internacional, teve como tema “Você é livre para discordar?” na segunda (11) e nesta terça-feira (12).

O assunto está em alta por conta do chamado inquérito das fake news, comandando pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). Com medidas controversas e não raramente inconstitucionais, a cúpula do Judiciário espreme os demais poderes e sacrifica a liberdade de expressão.

Os ritos legais têm ficado em segundo plano, e o Congresso é pressionado a aprovar leis que coíbam informações falsas na internet. O risco de censura prévia disfarçado de “moderação de conteúdo” é alto com o PL das Fake News. Felizmente, a urgência na apreciação do projeto, relatado por um deputado do PCdoB, não passou no Plenário da Câmara dos Deputados na semana passada.

Limitações à internet em ano eleitoral são preocupantes. Como exaltado no Fórum da Liberdade, a liberdade de expressão garante o direito a abordar temas sensíveis, espinhosos e potencialmente ofensivos. É fundamental em uma democracia liberal e a um Estado de Direito que proteja seus cidadãos do arbítrio dos governantes.

A pergunta que norteia o título desta coluna — “você é livre para discordar da visão dominante neste ano eleitoral sem risco de censura?” — jamais deveria ser feita em um país que se quer sério. O fato de ela ser o centro das atenções expõe a crítica situação da República.

Painel com D’Ávila e Moro aborda “Quais os caminhos políticos para o Brasil?”

Painel dos presidenciáveis

Um dos destaques da programação foi o painel com os presidenciáveis. Porém, diferente de 2018, quando seis postulantes ao Planalto vieram, nesta edição somente dois participaram. São eles Sérgio Moro (União Brasil) — que ainda tenta se viabilizar como nome do partido à presidência —, e Luiz Felipe D’Ávila (Novo). Os dois líderes da corrida, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), não compareceram. Ciro Gomes (PDT), que participou há 4 anos, não retornou à capital gaúcha nesta edição.

Esse baixo comparecimento demonstra que o ano de eleições gerais será de menor debate de ideias, com menos disposição à apresentação de propostas e alta carga de polarização. O eleitorado também não mostra muita afeição pela chamada terceira via, tendo em vista que cerca de 60% dos eleitores já teriam suas preferências fechadas para outubro, com sinais de afunilamento a cada nova pesquisa.

Ainda sobre o painel, fica a nota de pesar à postura deplorável de manifestantes esquerdistas em protesto contra a participação de Moro. Eles fizeram tumulto e arruaça no hall de entrada do auditório da PUCRS, onde o público se concentrava na espera do painel.

Painel “A Economia Vem Depois?”, com John Cochrane

Política econômica na pandemia

Um dos pontos altos do Fórum da Liberdade foi a palestra do economista americano John Cochrane, na segunda-feira (11). Cochrane criticou as medidas econômicas de expansão monetária adotadas pelos governos durante a pandemia, que resultam em inflação. “O governo (dos EUA) imprimiu 3 trilhões de dólares, e mandou o cheque para as pessoas assinarem”, criticou.

Sua leitura se estende aos demais países que impuseram pesadas restrições às suas economias. Cochrane ressaltou, corretamente, que a inflação generalizada ocorre porque há demanda reprimida devido aos fechamentos sucessivos e ao desalinhamento das cadeias produtivas globais.

Texto por Douglas Sandri, graduado em Engenharia Elétrica, é presidente do Instituto de Formação de Líderes (IFL) de Brasília e assessor parlamentar. Todas as quartas-feiras, participa do quadro “Direto de Brasília”

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