Você sabe o que é alimento CRISPR?

Como é uma tecnologia muito nova encontra algumas dificuldades de reconhecimento


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Foto: Reprodução

São as iniciais de uma palavra inglesa que traduzindo seria Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas (CRISPR). Em resumo, lida com engenharia genética no DNA e não é considerada transgênica. No Brasil, também é conhecida como Técnica de Melhoramento de Precisão (Timp).

É uma técnica das mais modernas para edição genética de diversos organismos, inclusive plantas. Serve para potencializar e melhorar as defesas das plantas, produtividade e qualidade. A finalidade é de ajudar o agricultor superar as dificuldades, por exemplo de secas, pragas e doenças.

Mexendo no DNA se consegue que a planta crie resistência, se adapte a novas situações climáticas, melhore sua qualidade e de algumas partes de sua composição. É possível recuperar a biodiversidade através do desenvolvimento do germoplasma (base da herança transmitida de uma geração para outra) até criar novos cultivos.

Explicando uma determinada doença causada por vírus, os pesquisadores tiram um pedaço do DNA do invasor e o colocam no DNA da planta, criando uma memória. Quando esta doença aparecer novamente a planta reage e conserta o dano, evitando que seja danificada. Claro, esta é a explicação simplificada.

Os chineses fizeram isso pela primeira vez em 2013 quando modificaram quatro genes diferentes de cultivar de arroz e um de trigo. Foi no Instituto de Genética e Biologia da Academia de Ciência de Pequim.

Atualmente, já há trabalhos de aumento de rendimento e/ou produtividade nas culturas de tomate, couve, milho, trigo e arroz. Resultados: maior durabilidade de tomates; aumento de carotenoides (pigmento da fotossíntese para absorção de luz) em citros, tomate, uva e melancia; menor teor de glúten no trigo; plantas mais resistentes a falta de água, a altas temperaturas e diversas doenças causadas por micro-organismos.

Nos EUA já tem várias plantas CRISPR, como cogumelo e batata descascada que não escurecem, soja tolerante à seca, trigo com maior teor de fibra, laranja resistente a bactéria, soja resistente a nematoide e tantas outras.

O Brasil, em 2018, teve seu primeiro produto agrícola com esta tecnologia (da Embrapa), cultivando o milho ceroso com maior concentração de amilopectina, que é um carboidrato que está no amido (70%), responsável pela fonte de energia, que facilita a digestão e melhora o rendimento físico.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBIO) já aprovou cerca de 49 produtos chamados de Técnica de Melhoramento de Precisão (Timp) de produtos de origem vegetal e animal, aditivos de ração, e leveduras. Inclusive, soja resistente à seca, que se tudo der certo, poderá estar no mercado em 2025.

Como é uma tecnologia muito nova, encontra algumas dificuldades de reconhecimento. Inclusive, há pendência junto ao Ministério Público Federal de liberação. As técnicas de edição genética têm criado uma nova revolução na agricultura, mas há quem conteste. Isso é mais ou menos parecido com as Organismos Geneticamente Modificado (OGM).

Texto por Nilo Cortez, engenheiro agrônomo

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