Você sente que passa o dia inteiro cumprindo protocolos? Atendendo demandas dos outros? Não tem espaço ou vontade para criar? Assim é a sensação de quem apenas sobrevive ao mundo do trabalho.
Li recentemente uma entrevista com um guru na área da liderança que disse que motivar as pessoas é colocá-las nos cargos certos. Pensando dessa forma, até parece simples. Mas e como faz para descobrir quais são esses cargos? Será que todo mundo saberia dizer o que gosta, o que quer?
Imagine que você trabalha em um cargo administrativo em uma empresa. Para ocupar tal função, precisa se vestir de acordo com uma certa norma – homens de calça, sapato, blazer, e mulheres de salto alto e maquiagem. Além disso, deve com muita frequência participar de cursos, frequentar eventos e congressos, investir em relacionamentos, coisas que você não gosta. Então, para dar conta de sua rotina, acaba vivendo uma eterna desarmonia entre o ambiente interno (o que vem de dentro de você) e o externo (o que o mundo exige).
Aos poucos e sem se dar conta, você vai deixando de ser, e investe todas suas fichas em parecer. Você se adapta, e até pode ser que se saia bem no seu trabalho. Mas lá pelas tantas, é invadido pela sensação de vazio, não sabe dizer o que gosta, percebe-se carente de espontaneidade. Só que apesar de não ter nada a ver com você, aquele cargo garante um salário bom.
Não conseguir imprimir algo próprio naquilo que fazemos torna a jornada de trabalho mais pesada, cansativa, e por vezes insuportável. Descobrir o que a gente gosta e se estamos dispostos a bancar nossas escolhas dá trabalho, mas pode trazer grandes recompensas. Quem consegue trabalhar com aquilo que gosta tende a ser mais espontâneo, seguro e criativo em suas atividades. Com isso, a motivação acaba sendo uma mera consequência.
Tamara Bischoff, psicóloga e jornalista
